ANDES - TRABALHO DOCENTE E COMPROMISSO SOCIAL
O Programa da Chapa 1
“ANDES - TRABALHO DOCENTE E COMPROMISSO SOCIAL” é, ao mesmo tempo, um guia para
a ação e um compromisso público da chapa com a categoria dos/das docentes das
instituições de ensino superior do país, que, pela natureza de seu trabalho,
exerce papel relevante na sociedade. Elaborado em um contexto em que os
direitos sociais e, em especial a educação pública encontram-se sob severas
ameaças, em virtude do recrudescimento dos conhecidos ajustes fiscais e do
igualmente batido diagnóstico de que o Estado não poderia seguir provendo as
políticas públicas e que, por isso, privatizações e parcerias público-privadas seriam
a única alternativa possível diante da crise de enormes proporções que
transtorna o mundo. As intensas mobilizações sociais em defesa da universidade
pública na Itália, Portugal, Espanha, Inglaterra, França, Chile, estão
inscritas nesses conflitos.
Os cortes nos gastos públicos no Brasil, superiores a R$ 50 bilhões
em 2011, e mais recentemente, RS 55
bilhões no orçamento de 2012, atingindo também os ministérios da Educação, da
Saúde e de Ciência & Tecnologia, o irrisório reajuste de 4% para os
docentes das IFES, a criação da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares
(EBSERH), os “vazamentos” de que está sendo elaborada uma nova reforma na
previdência dos servidores públicos, ampliando a idade das aposentadorias e
rompendo com a paridade com os ativos, e os impasses nas “negociações” da nova carreira,
exemplificam as consequências desses ajustes na vida cotidiana dos professores.
A defesa da educação
pública no próximo biênio se dará em um ambiente hostil e, mais do que nunca,
somente com real mobilização e engajamento do conjunto de docentes será
possível garantir o dever do Estado na manutenção das instituições públicas.
Esta avaliação leva a Chapa 1 a compreender que o principal desafio do biênio será
o fortalecimento do diálogo do Andes-SN com o conjunto dos professores que, em
seu trabalho cotidiano, fazem a universidade brasileira. Somente assim será
possível revigorar o protagonismo da base do Sindicato Nacional na definição da
agenda da entidade e nas práticas políticas e acadêmicas por ela ensejada.
Coerente com esse objetivo,
a constituição da chapa foi amplamente discutida durante o 31o
Congresso do Andes-SN, realizado em Manaus, em reuniões plenárias plurais,
democráticas, abertas e com forte protagonismo dos delegados de base das seções
sindicais. Em reuniões regionais, os delegados dedicaram-se a discutir a
composição das secretarias regionais e, nas plenárias, foram deliberados os
nomes que melhor poderiam contribuir com o trabalho da direção nacional do
Sindicato. Resultou desse processo uma chapa comprometida com o propósito de
fortalecer a participação do conjunto dos professores na vida política do
Andes-SN objetivando assegurar melhores condições para enfrentar, com êxito, as
adversidades da conjuntura e, notadamente, da crise estrutural, da qual o
Brasil não está à margem.
Frente à expansão precarizada
das redes federal e estaduais, à crescente regulação pela CAPES das atividades
na pós-graduação e às mudanças nas políticas de ciência e tecnologia, cada vez
mais subordinadas à Lei de Inovação Tecnológica, as condições de trabalho
docente perpassam a totalidade do programa. Em todas as reuniões do movimento
docente – e mesmo nos fóruns institucionais das universidades – são recorrentes
as inquietações dos professores quanto à perda relativa de poder aquisitivo dos
salários; às mudanças casuísticas na carreira; às nuvens cinzas que envolvem a
aposentadoria; à inédita intensificação do trabalho, em virtude do aumento
quase que exponencial do número de estudantes por turma, repercutindo nas
orientações da graduação e da pós-graduação, e às redefinições do próprio fazer
docente, por meio de critérios “produtivistas” impostos pelas agências de
fomento, por editais cada vez mais dirigidos a fins mercantis e particularistas
e pela corrida desenfreada rumo a um produtivismo estéril.
As grandes tendências verificadas
na última década, como o crescimento do setor privado-mercantil, impulsionado
pelas políticas governamentais (PROUNI, FIES), a redefinição da função social
da universidade como organização de serviços, amparada na referida Lei de
Inovação Tecnológica, e a expansão de vagas em cursos “minimalistas”, não
propriamente universitários, referenciados no Processo de Bolonha e no modelo
dos community colleges, como o projeto original do REUNI e dos IFET,
conforme o projeto de lei do Plano Nacional de Educação (PNE), seguirão como
políticas prioritárias para o próximo biênio. A reversão desse quadro, conforme
a avaliação coletiva dos professores no Congresso do Andes-SN, exige tomar a
defesa da educação pública em todos os níveis como o eixo central das lutas do
presente.
Estão em curso iniciativas
muito fecundas, tais como a recente campanha em prol da garantia de 10% do PIB
para a educação pública, os fóruns de luta em defesa dos hospitais
universitários, contra as EBSERH, o ciclo de lutas pelo piso salarial dos
professores da educação básica e, mesmo, a luta pela educação pública no Chile
e nos países europeus transtornados pela crise. Esses exemplos corroboram a
possibilidade de construir um grande movimento pela educação pública no país no
próximo biênio. As universidades, por serem espaços potencialmente capazes de
tornar pensáveis os grandes problemas dos povos, estarão desafiadas a
contribuir, de modo original, com essas lutas.
Considerando a especificidade
do Andes-SN, um sindicato dos docentes das instituições de ensino superior, a
Chapa 1 está vigorosamente comprometida com os seguintes itens programáticos:
1. Fortalecer as
iniciativas em defesa da educação pública, objetivando marcar o biênio
com grandes jornadas de luta. Em 2012, o Congresso irá votar o novo PNE que
consolida a mercantilização da educação como política de Estado. Um PNE
alternativo, capaz de revigorar a educação pública, somente será possível com
ações de dimensão nacional, contando com a participação de professores do
ensino superior, da educação básica, estudantes, trabalhadores da educação,
demais entidades sindicais e movimentos sociais, em conjunto com entidades
acadêmicas, por meio de atos públicos de grande alcance. Somente assim o
Congresso pode se ver compelido a apoiar a causa da educação pública,
assegurando, desde já, 10% do PIB exclusivamente para a educação pública.
2. Lutar pela garantia da Carreira
Única do Andes-SN – e de sua malha salarial – no setor das Federais, incluindo, na nova
carreira, todos os docentes das atuais carreiras do PUCRCE (educação básica e
superior) no Regime Jurídico Único, mobilizando intensamente os docentes
para que essa conquista seja alcançada de modo pleno no biênio.
Simultaneamente, trabalhar para que os demais setores convirjam na defesa da
carreira do Sindicato Nacional, de modo que a carreira seja o elemento de
polarização do movimento docente frente aos governos Federal e estaduais e, no
caso das particulares, aos patrões.
3. Promover
o fortalecimento do ANDES-SN através da intensificação do trabalho de base.
4. Lutar por salários dignos para todos os docentes,
ativos e aposentados, estendendo os reajustes aos pensionistas, tendo como
referencia a malha salarial articulada a proposta de carreira única do Andes-SN
do setor das federais.
5. Lutar pela melhoria das
condições de trabalho e de saúde do trabalhador docente;
6. Lutar por políticas de
Ciência e Tecnologia que garantam a ampliação e democratização da distribuição
de recursos, tendo como base a autonomia universitária e a produção de
conhecimento socialmente referenciado, combatendo o produtivismo acadêmico e
seus impactos nas condições de trabalho dos docentes.
7. Lutar pela ampliação
das verbas das Instituições de Ensino Superior públicas, combatendo os
contratos de gestão característicos do Plano Diretor da Reforma do Estado, como
as metas estabelecidas no REUNI, as medidas que objetivam diversificar as
fontes de custeio das instituições por meio de taxas estudantis e venda de
serviços e, também, das verbas orçamentárias para os órgãos de fomento à
pesquisa.
8. Defender a manutenção
dos hospitais universitários no âmbito das universidades, com a garantia
de recursos públicos para a sua manutenção e desenvolvimento, combatendo a
conversão dos mesmos em Empresa
Brasileira de
Serviços Hospitalares (EBSERH) com
personalidade jurídica de direito privado.
9.
Defender a manutenção dos CEFETs na estrutura da SESu-MEC, entendidos
como Instituições Federais de Ensino Superior autonômas e referenciadas no
princípio da indissociabilidade entre o ensino, a pesquisa e a extensão; combater
qualquer política de desmembramento dos colégios de aplicação das universidades
federais.
10. Lutar pela alteração/criação de
instrumentos legais nas esferas estaduais e municipais que assegurem percentual
orçamentário, com vistas a garantir recursos adequados às IEES/IMES públicas.
11. Constituir Coordenação Executiva
para articular proposta nacional de unificação dos planos de carreira dos
docentes das IEES/IMES, bem como de suas campanhas salariais.
12. Lutar pela universalização
do acesso à educação superior universitária pública a todos os estudantes
que almejem prosseguir os seus estudos, com proporcional ampliação das verbas e
do quadro docente.
13. Perseverar na luta em defesa
da previdência social pública, por meio do regime de repartição, garantindo
a todos os professores aposentadoria com proventos integrais e isonômicos entre
ativos e aposentados.
14. Democratizar a gestão
das IES, em particular pela escolha dos
dirigentes pelo conjunto da comunidade universitária, sem interferências
externas e tornando os conselhos mais abertos ao feixe de interesses
compartilhados entre os docentes, os técnicos e administrativos e os
estudantes;
15. Defender
intransigentemente a indissociabilidade entre o ensino, a pesquisa e a
extensão nas universidades e em prol da autonomia universitária como
norma auto aplicada, bastante em si, nos termos do Art. 207 da Constituição
Federal e do Projeto Andes-SN para a Universidade Brasileira (Caderno 2 e suas atualizações).
16. Lutar pelo direito de organização
sindical nas Instituições Privadas de Ensino, defesa intransigente dos
dirigentes dessas seções sindicais e luta pela expansão do Sindicato Nacional
nessas instituições.
17. Defender, intransigentemente o ANDES-SN enquanto legítimo
representante dos docentes das Instituições de Ensino Superior, fortalecendo e
expandido sua inserção nas instituições de ensino.
18. Lutar pelo legítimo registro
sindical do Andes-SN, nos termos de seu Estatuto, como parte do
fortalecimento do pleno exercício sindical dos trabalhadores do serviço
público.
19. Buscar a unidade de todos os setores que lutam
pela educação pública e por uma sociedade livre da barbárie imposta pelo
capital, fortalecendo a CSP-Conlutas e as iniciativas que objetivam consolidar
um polo de lutas unitário, democrático e comprometido com a emancipação dos que
vivem do próprio trabalho e são explorados.
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